15 de fevereiro de 2009

A JUVENTUDE DO MST E A CONSTRUÇAO DA IDENTIDADE DE LUTA POLÍTICA E IDEOLÓGICA

DEZ/2008

INTRODUÇÃO

As considerações que pode ser feita neste trabalho é que o empenho em tentar compreender o processo de construção da identidade jovem Sem Terra, as suas dificuldades no campo das políticas públicas e, fundamentalmente, o descaso do poder público com a vivência desta parcela da sociedade que vive no campo.

A juventude, na sua diversidade precisa ser ouvida, e mais que isto, é necessário que as suas qualidades, desafios e anseios sejam levados em conta pelos governantes e pelas organizações da sociedade. Esta é uma fase da vida humana tão importante quanto outra qualquer, por isso as palavras dos jovens precisam ser ditas e ouvidas para que assim possa ser dado um sentido a estes sujeitos que fazem parte do cenário social brasileiro.

Ser jovem não é problema, não é diminuir as qualidades de um ser humano. Ser jovem é passar de forma firme pela vida e deixar as marcas de uma construção. Assim, o MST tem a grande tarefa de inserir estes jovens na discussão política na luta pela cidadania, aqui o movimento é visto como um campo de possibilidade e de esperança. As iniciativas que já somam-se a esta luta, não é o bastante para garantir aos jovens uma maior democratização dos meios e de acesso à cultura.

O MST, enquanto organização e enquanto quadro de sujeitos, tem a tarefa histórica de proporcionar aos jovens a possibilidade de construção de uma nova cultura e de uma nova identidade. Formar a juventude de um novo jeito, a partir de uma nova cultura é tarefa de todo militante compromissado com a causa da luta popular e da libertação das consciências.

 

PALAVRAS-CHAVE

Juventude – identidade de classes – lutas sociais

A questão acerca do universo jovem rural, nos seus aspectos culturais políticos e sociais é ainda recente na historiografia brasileira. Geralmente, as pesquisas dão maior atenção sobre o que está acontecendo no mundo urbano. Dentro desta lógica, os jovens do meio rural, categoria fluida, imprecisa, variável e extremamente heterogênea, permanece no anonimato em se tratando das esferas sociais de participação. E isso dificulta a compreensão de sua complexidade e inclusão no mundo contemporâneo e globalizado.

Este estereótipo decorre de uma visão urbana de sociedade onde o espaço rural inexiste, principalmente dentro da cultura e do desenvolvimento adotado dentro dos padrões brasileiros. Um dado exemplo das possibilidades pelas quais vivem os jovens do campo é o fato destes se desafiarem mais cedo do que o esperado para sobreviver e, até mesmo, ajudar a família. Isso pressupõe também pensar que muitos jovens do campo não vivem a sua juventude como deviam. Ela é atropelada pela necessidade e pela falta de condições objetivas de vida.

Esta análise parte do pressuposto de que no meio rural brasileiro, as políticas públicas de inclusão social são fragilizadas ou quase não existem. O que existe é o descaso, principalmente com as condições de acesso aos bens materiais, tais como a moradia, a terra, a boa alimentação e ao lazer.

Um dado mostra que grande parte dos jovens em idade escolar são obrigados a servir de mão de obra barata para as fazendas e empresas rurais, isso mostra o grau de dificuldades que estes enfrentam. Contudo, não encontram soluções adequadas sem estarem minimamente organizados em associações ou grupos comunitários.

O MST organiza homens e mulheres,crianças,jovens e adultos, que queiram lutar pela reforma agrária, incluindo os jovens. Esse movimento, pela natureza histórica de movimento de massas, está em constante movimento na busca de melhores condições de vida para todos aqueles que se juntam para lutar: o homem, a mulher, o idoso, a criança e a juventude. Em se tratando da juventude do MST, tem se buscado organizar várias ações envolvendo-os, já que se trata de aproximadamente 70% de sua base social e 90% da militância ativa do MST.

Neste trabalho, a preocupação reside nos desafios colocados pela realidade social aos jovens desde o MST: Como processo de formação política educa os jovens Sem Terra? Em que medida esse processo atrai a juventude? E como a luta interfere no grau de consciência política e participação dos jovens Sem Terra? Como o MST conecta ao seu projeto político a participação e a formação da juventude?Quem são os jovens Sem-Terra do MST? Quais as características dos jovens do MST? Que eixos aglutinadores de sentido orientam as experiências de juventude do MST?

 

 

IDENTIDADE E LUTA POLITICA DOS JOVENS SEM-TERRA

 

Nos acampamentos e assentamentos é comum encontrar jovens com diferentes trajetórias de vida, filhos de camponeses, recém chegados de periferia dentre outros. Todo este conjunto de pessoas com trajetórias diversas reflete uma condição que é geral dos sujeitos participantes do MST, estes jovens estão construindo uma identidade ligado ao movimento do qual participam.

Por isso, convém questionar: O que é identidade? A identidade identifica uma trama de inúmeras representações de ‘outros’ (semelhantes e diferentes) e de um ‘si mesmo’ (continuidade e transformação). Ela, por sua vez, ao ser processada, orienta as demais representações do mundo. Os jovens Sem Terra se enquadram em uma categoria social de pessoas em construção. Como na sociedade ocidental a formação da identidade, via de regra, se define ou se caracteriza por um tempo em que os sujeitos se colocam ou são colocados sob novos olhares sociais, como os jovens Sem Terra se apresentam nesta sociedade. Pois, segundo Castelo Branco (1999, p. 4): O estudo da identidade de determinado grupo social ressaltará tanto das formas como o grupo se vê, se simboliza e discursa sobre si mesmo, como das formas como a sociedade os vê, os simboliza e discursa sobe eles., ou são as gerações adultas de uma sociedade estão orientando as gerações futuras e como o próprio jovem elabora estas orientações e aponta para os novos caminhos

 

A presença dos jovens no MST se constitui por atribuição de caracteres, papéis, e representações, mas também pela reserva de posições, atitudes, políticas e formas de educar. Por isto, a juventude é menos uma idade pré-fixada do que uma construção social. Isto faz da juventude uma condição transitória, ou seja, os indivíduos não pertencem grupos etários, eles os atravessam. E, ao atravessá-la, vão construindo sua identidade de forma participativa e coletiva.

 

As identidades se processam em determinados locais, mas em meio a realações espacializadas (...) Os indivíduos e grupos se vinculam de determinadas formas aos seus lugares e aos seus deslocamentos, desenvolvendo modos de atuar inúmeros sobre o mundo, ocupando posições sociais, com acessos diferenciados a objetos e a informações ( BRANCO 1999, p. 9-10).

 

As relações espacializadas ocorrem a cada vez que os jovens participam das ações do MST, seja no espaço local, nas marchas, nas reivindicações ou mesmo nos cursos formais e informais de formação. O momento crucial desta participação do jovem, e da própria identificação do movimento, acontece a cada vez que o movimento realiza uma ocupação. Cada ocupação tem sua própria história, embora todas sejam atravessadas pelas orientações gerais do MST. Mas, cada vez que uma ocupação é organizada pelo MST, a luta mais ampla se reproduz e intensifica, embora esteja sempre começando um processo de construção local, de onde passam a orientar as novas gerações.

Os acampamentos iniciais são a inauguração de uma comunidade de resistência. Aos poucos, se estruturam relações, conflitos, reconhecimentos, em meio aos quais as novas gerações vão constituir um conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmas”. A formação da identidade como discutido pela sociologia, tal como realizamos aqui, recupera a importante noção sociológica de identidade interativa, em que o indivíduo não só está sujeitado, como também é sujeito das relações sociais. A Sociologia, assim, considera que o particular e o genérico se interpenetram., ou seja, não há cisão entre o indivíduo e a sociedade, embora seja possível por meio da abstração considerar um e outro como realidades diversas.

 

Na interação social, o homem produz sistemas de significações. Assim, as ações coordenadas da atividade humana cristalizam-se nos instrumentos (condensando operações) e no signo (que as representam). Torna-se possível a transmissão cultural, que permite às novas gerações o desenvolvimento humano (CASTELO BRANCO, p. 26).

 

Assim, a identidade dos Sem Terra só pode emergir com as formas históricas da atividade coletiva destes seres humanos. No MST, a identidade de Sem-Terra emerge quando coletivamente sentem a necessidade de incluir em suas articulações a produção, o consumo e a distribuição dos bens sociais; articula o econômico, o político e o ideológico da existência humana em um processo de transformação permanente. Somente quando os Sem-Terra se inserem coletivamente no mundo real e simbólico da sociedade brasileira.

É possível falar em identidade Sem Terra. Uma identidade que não foi produzida exclusivamente a partir de um discurso, mas está estruturada em espaços conquistados coletivamente em meio as disputas econômicas, legais, políticas e ideológicas vigentes na sociedade. Juntamente com o processo de conquistas relações, valores e discursos são captados, elaborados ou (re)significados pelos Sem-Terra.

A totalidade composta na luta dos Sem Terra é conseguida pela retomada das relações históricas de exclusão e de subordinação situadas no passado e, ao mesmo tempo, pelo reconhecimento da essência dessas mesmas relações configuradas no tempo presente, facilitando a produção de sentidos do próprio grupo. A produção destes sentidos está amparada na sociabilidade criada entre os Sem Terra, o que  exige que cada Sem-Terra em particular, que nasce em determinado grupo, ou nele é transformado, ou nele é formado, aprenda uma série de valores e habilidades que lhe permitirá viver um cotidiano.

 

Os estudos das identidades sociais se referem aos significados, valores ou representações através dos quais as pessoas se reconhecem mutuamente e que as ligam e diferenciam de determinados grupos, movimentos, classes, etnias, nações etc. A ligação e a diferenciação não são, apenas, racionais, mas, principalmente, emocionais (CASTELO BRANCO, 1999, p. 36).

 

A identidade do Sem-Terra se estrutura não só com bases na vivência de diferentes sujeitos e contextos políticos diversos, mas também está fundamentada em espaços específicos. Existe a influência espacial a conformar a identidade de cada novo grupo que se integra ao MST.

 

O que poderíamos chamar aqui de identidade espacial, que nada mais é do que a moldagem e remoldagem de relações no interior de diferentes espaços, conduzindo a espacializações diferentes porque apoiadas em lugares de referências diversos. A identidade espacial ou espacialidade mesmo sendo diversa pode estar apoiada em sistemas de significações e representações que são identificados como unificados ou de reconhecimneto mútuo entre os sujeitos que se lançaram na mesma luta por meio do MST – os Sem-Terra do MST, a mística, a organização coletiva (COSTA, 2004, 184 – 189).

 

Por isto, os assentamentos não podem ser vistos como uma consolidação cultural isolada, mas como parte integrante de uma esfera cultural mais ampla. Contudo, isto não implica considerar que estar envolvido numa esfera cultural de semelhança que tende a ser unificada as formas diferentes de entender qual o significado da terra para cada um dos grupos ou cada um dos indivíduos assentados, embora seja inegável que todos se transformaram no processo de luta. Neste sentido, convém ver o espaço como algo mutável, inclusive nos sentidos que ele nos oferece à consciência, como nos diz a citação abaixo:

 

Segundo Mesquita, a consciência territorial é entendida como a consciência do lugar, do lócus da sociabilidade mais próxima vivida no cotidiano, resgatando-a das próteses audiovisuais da mídia, para oferecer-lhe chances de vir a ser sociabilidade. Elo de conexão com o universal, podendo ir além dos limites do espaço físico mais próximo, a consciência do território é o Lócus onde se forjam os projetos de vida individuais. (p. 89).

Desse modo, a consciência social do território é um “processo de sucessivas interrupções nos acontecimentos, oportunizadoras de transformações nas vivências individuais e coletivas como chances de aprimoramento paulatino da consciência territorial em cada mutação” (Mesquita, p. 90).

Por ser, o espaço oportunizador de experiências diversas, o MST faz da luta pela terra uma luta coletiva da família. Pois estas famílias unidas na luta facilita o processo de transformação e formação da identidade de toda a família. Fator indispensável para permanecer na luta e resistir até a conquista da área ocupada. O MST, nos seus vinte e dois anos de história de luta social, sempre se constituiu como um movimento que lida com as massas. São famílias de realidades distintas, màs que enfrentam os mesmos problemas que é de toda a sociedade marginalizada do Brasil.O processo de inclusão dos jovens desde cedo na luta, se dá pela necessidade de termos quadros políticos que possam fazer avançar os processos de ocupação, nestes jovens estão um grande potencial do movimento.

Quando uma família vem para um acampamento o principal objetivo dela é conseguir plantar na terra para matar a fome da família. Más o que realmente acontece com os jovens? Como direcionar essas mentes para a construção de um novo modelo de sociedade? Como aproveitar a vitalidade da juventude? O potencial mobilizador do MST faz com que ele promova cursos de formação para aumentar entre os jovens a fileira de militantes na luta contra o latifúndio.

As iniciativas do movimento, no começo, eram poucas, más com o processo de consolidação do movimento nos estados fez com que outras possibilidades fossem abertas e dadas aos jovens. Mesmo assim, muitos jovens deixam o assentamento. Os motivos para que estes jovens deixem o campo e rumem para a cidade também é uma preocupação do MST. Existem casos que muitos filhos dos agricultores assentados já não se encontram mais morando no campo e esta é sem dúvida uma situação preocupante (MORISSAWA, 2001, p. 213).

Atualmente, a organização tem se preocupado com a formação técnica e acadêmica de seus membros, principalmente dos jovens. As atividades especificas direcionados ao público jovem são: os cursos de formação política, os encontros regionais, estaduais e nacionais, a articulação de núcleos de jovens nos assentamentos e acampamentos e, principalmente, a sua inserção do sistema produtivo, buscando alternativas de fixação na terra.

No Rio Grande do Sul, um dos Estados onde surgiu o MST, fica o Instituto Técnico da Reforma Agrária - ITERRA que tem como uma de suas funções dentro da luta pela reforma agrária a construção da identidade do povo do campo, oferecer cursos de nível médio, técnico e agora com cursos de nível superior e pós - graduação. No ITERRA, os jovens aprendem à convivência coletiva, em um espírito de solidariedade e respeito. As experiências dentro do ITERRA fazem da juventude defensora da organização;e construtores da identidade coletiva dentro do MST.

Outra experiência política riquíssima para toda a classe trabalhadora é a Escola Nacional Florestan Fernandes que está se articulado para atender quase 20 cursos em diversos níveis, desde a formação política até a formação acadêmica, principalmente dos jovens. Este é um espaço de referência nacional que por ele passa por mês mais 500 jovens de todo o país.

No Espírito Santo tem-se a experiência do curso de Pedagogia da Terra e curso técnico, juntos estes atendem 150 jovens dos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O curso de pedagogia que tem uma participação massiva de quase 90% de jovens. A intenção é formar jovens pedagogos para dar continuidade à construção da educação no MST. O curso técnico visa formar a juventude ligada à produção, com a tarefa de ajudarem a organizar a produção dentro dos assentamentos e acampamentos.

Aqui se encaixa o papel dos jovens em assumirem a luta e buscarem novas alternativas de cooperação, fundamentas principalmente no que se refere à construção de um processo de pertença ao MST. A identidade, neste aspecto, se apresenta como fator fundamental para a própria continuidade das formas de luta existentes no campo da reforma agrária. De uma maneira ou de outra, se os jovens não se assumirem enquanto sujeitos pertencentes ao movimento, possivelmente poderemos ter no futuro pouco do vigor da juventude na luta do movimento.

O movimento defende que a juventude deve estabelecer uma cultura diferente nas relações pessoais com a comunidade e a sociedade, criando e recriando valores que a organização acredita que devem nortear toda a militância Sem Terra,com intuito de formação de novos sujeitos sociais dotados de virtudes éticas políticas e sociais.

 

DESAFIOS DA PARTICIPAÇAO SOCIAL DOS JOVENS

 

O êxodo rural ocorreu em vários países do mundo. Logo há de se concordar com o provérbio chinês que diz: “Deus criou o campo e o homem inventou a cidade e que nós seres humanos temos mais atração por aquilo que nós criamos”. Neste caso, estes fatores estão relacionados com a constante mudança no cenário global, refletido no grande êxodo inaugurado no ultimo século.

A juventude aqui também tem uma forte tendência a se rumarem paras as grandes cidades na perspectiva de melhores condições de vida. Pensando nisso, nos perguntamos: o que poderia ser feito para deter a juventude no campo? No caso especifico do MST: Que mecanismos poderiam ser utilizados para que os jovens sentissem o gosto de permanecerem no campo e, consequentemente, dentro dos assentamentos?

Nesta lógica tudo pode ser relativo, mas se o espaço do assentamento dispuser para os jovens, trabalho, renda, energia, esporte e lazer, cultura etc. fundamentalmente as chances de esses jovens ficarem no campo irão aumentar gradativamente, uma vez que a mitologia da cidade já começa a se desgastar em vista de uma série de acontecimentos e frustrações sociais.

 

A precariedade nas condições de vida leva os jovens a buscarem a cidade, acreditando que lá esteja à salvação para tanto sofrimento, muitos querendo permanecer no campo, precisam mudar-se para estudar e ai passam a habituar-se à cidade e depois de formados já não conseguem mais ter interesses em voltar ao assentamento (BOGO, 1999, p. 79-80).

 

Este é, então, o principal desafio, se quisermos dar uma nova cara aos assentamentos através da força de trabalho e dos ideais da juventude. E para tanto, O estado precisa melhorar e modernizar as relações econômicas e sociais no campo, valorizando o social e fundamentalmente a situação econômica das famílias.

No MST, apesar das inúmeras dificuldades, os investimentos são em escolas de 1º grau completo, algumas iniciativas de 2º grau envolvendo cursos profissionalizantes. O grande desafio é construir os cursos superiores em parceria com o INCRA/PRONERA (Programa de Educação na Reforma Agrária) e diversas universidades públicas brasileiras.

Outra grande preocupação do MST é com a alfabetização dos jovens e adultos que não tiveram acesso à educação em idade própria. Esta política se direciona aos jovens entendendo que todos devem estudar e que sem educação a reforma agrária não avança e nem ganha qualidade em sua ação.

Além disso, o MST desenvolve diversos cursos de capacitação técnica visando o melhor desenvolvimento e administração das cooperativas* e o gerenciamento das agroindústrias dentro dos assentamentos. Isto tudo é fruto do esforço e da compreensão de que a reforma agrária significa a manutenção dos jovens no campo, na perspectiva de construção de um novo universo, pautado na solidariedade e, principalmente, no desenvolvimento de valores mais humanos e fraternos.

Assim, socializar o saber é um passo fundamental para a construção de um novo projeto de campo, um novo sentido para a identidade camponesa e, acima de tudo, para a valorização e melhoria das condições de sobrevivência no meio rural. É preciso desconcentrar o saber das mãos dos ricos, pois estes não têm a capacidade de sonhar o sonho do povo, o que estes precisam está em constante contradição com o projeto burguês de sociedade defendido pela classe dominante.

O que o MST, enquanto movimento social defende é a necessidade de organizar e manter a juventude no campo funciona, ao mesmo tempo, como desafio e meta a ser alcançada.

Não raro ouvimos dizer que o MST é composto por jovens ou até mesmo que nele se destaca a juventude. Esta é sem dúvida uma afirmativa verdadeira, pois, os jovens que participam do processo de lutas são jovens, filhos da luta.

Segundo Bogo, (1999, p. 82), esta constatação não deve ser o que nos leve a caracterizar o MST. Esta organização deve pertencer aos jovens por terem eles também, mais energia, mais vontade e mais facilidade de aprender coisas novas. As gerações mais antigas desta organização não tiveram a oportunidade de aprendizagem, por que as condições ainda não eram dadas. Percebe-se que no decorrer dos anos o movimento foi descobrindo e criando as possibilidades que fez a organização atual.

O MST, assim, deve pertencer aos jovens em todos os sentidos: Na economia, na política, na ideologia, na cultura e na pertença e identidade. Portanto criar esta mística, onde a juventude se sinta parte deste patrimônio construído, para libertar as futuras gerações (BOGO 1999, p. 82- 3).

Se as velhas gerações aprenderam de um modo incorreto ou frágil, também praticavam de um modo incorreto. Aprende-se de um novo jeito quando se pratica de um novo jeito. Isso implica refletir que nossa força está na prática e esta se aprende dando sentido a teoria. Sendo assim, os jovens precisam apegar-se aos livros, mas isso apenas não basta. Os intelectuais inorgânicos foram os que provocaram o divórcio da prática com a teoria. A juventude deve aprender de fato pela prática as tarefas que esta tem de cumprir enquanto função social, o que em outras palavras significa viver em plenitude a reforma agrária, seu caráter e sua importância.

A arte de produzir não deve ser mais importante que a de divertir-se, de sonhar e de construir novas possibilidades, isso tudo faz parte da existência humana e deve ser estímulo para o processo de construção da identidade da juventude do MST. Faz se assim necessário construir o diferente. Jovem não é um período de transição, mas um momento de estar sendo. Por isso, se este período não for valorizado e ocupado de coisas boas, passarão como passa a chuva de verão.

A organização que quer se tornar forte deve investir na formação dos seus quadros, pois como dizia Lênin: com analfabetos não constrói o socialismo, pelo simples fato de que o analfabeto é uma condição real que pode ser mudada. Para o MST não é diferente, com analfabetos não fará reforma agrária no Brasil, muito menos o desenvolvimento do campo. Os jovens precisam ser preparados em todos os sentidos para que se sintam encorajados se cumprirem a sua missão histórica (BOGO, 1999, p. 86).

No entanto, é uma infinidade de área que a juventude precisa se envolver. Ensinar a juventude a utilizar a terra, evitar o uso de agrotóxicos, coordenarem os acampamentos e os assentamentos, falar em público, cantar, etc... São mecanismos de valorização das capacidades e das habilidades dos jovens. o MST não avançara sem uma constante preparação da juventude e das futuras lideranças.

As pessoas precisam buscar maneiras de participação e ocupação, que lhes dê renda e dignidade. Assim, a juventude é chamada a criarem formas que lhes dêem ocupação e que ao mesmo tempo lhes sejam útil no melhoramento integral das condições objetivas de vida. Contudo, existe uma infinidade de formas de adquirir e melhorar a renda dentro dos assentamentos e que os jovens podem desenvolver, tais como: criação de pequenos animais, a apicultura, a construção de canteiros e viveiros de mudas, a venda de livros, as roças coletivas dentre outros.

Os jovens precisam se organizar em forma de brigadas para facilitar o processo de organicidade e também de produção coletiva. Precisam assim desenvolver formas organizativas para que tenham condições de atuarem organizadamente e também serem referencias dentro dos assentamentos e acampamentos. O método mais atrativo pode ser a organização em brigadas de trabalhos, que podem organizar a depender das condições geográficas de cada assentamento. As áreas de assentamentos e acampamentos poderão desenvolver várias tarefas, mas é fundamental que se estabeleça a direção coletiva, exercício pelo qual proporciona uma melhor divisão das tarefas. E os jovens podem ter várias tarefas dentro da organização dos assentamentos, na animação, na agitação e propaganda, na comunicação, e no desenvolvimento de novos valores estéticos dentro das áreas de assentamentos e acampamentos. Estas são algumas das formas de participação que em maior ou menor grau dá vida ao MST

 

REFERÊNCIAS

Abramo, Helena; Martoni, Paulo Branco: Retratos da Juventude Brasileira – Analises de uma Pesquisa Nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2005.

 

BOGO, Ademar. Lições da luta pela terra. Salvador: Memorial das Letras. 1999.

 

BOGO, Ademar: O vigor da mística. São Paulo: MST, 2002.

 

CARRANO, Paulo César Rodrigues.Juventudes: As identidades são múltiplas.Movimento:Revista da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense,Niterói – RJ: n° 01,p.11-27,maio de 2000)

 

CASTELO BRANCO, Maria Teresa. Os jovens "Sem-Terra" Identidades em Movimento. São Carlos/SP: Universidade Federal de São Carlos, 1999. Tese (Doutorado em Educação).

 

COSTA, Sidiney Alves. Os Sem Terra e a educação: um estudo da tentativa de implantação da proposta pedagógica do MST em escolas de assentamentos no Estado de São Paulo. 2002. Dissertação(Mestrado) em educação do programa de pós-graduação em educação,Universidade Federal de São Carlos, São Carlos/SP.

 

_____& outros. O diário de campo e memória do pesquisador. In WHITAKER, Dulce C.A. Sociologia Rural: questões metodológicas emergentes. Presidente Venceslau/SP:Letras a margem; CNPq, 2002.

 

______. O processo de luta pela construção da identidade e do modo de vida dos Sem Terra.Retratos de Assentamentos.Araraquara/SP: Uniara – Centro Universitário de Araraquara; Brasília/DF: CNPq, n.9, 2004, p. 175-194.

 

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 3ª. ed. Trad. Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Ed. DP&A, 1997.

HOBSBAWM, Eric. J. A era dos extremos: O breve século XX(1914 – 1991).ed. 2ª:São Paulo:companhia das letras,1995.

 

LÊNIN, V.I .Que fazer? São Paulo: Hucitec, 1986.

 

MORISSAWA, Mitsue, A historia da luta pela terra e o MST, - São Paulo: Expressão Popular, 2001.

 

MESQUISTA, Zilá. “Do Território à consciência territorial” s/d (mimeo)

www.IBGE.org.br 1998, 2000,2002

www.IBASE.com.br(fevereiro/março 2005)

www.mst.org.com.br,2005

www.unesco/brasil.com.br,1998

12 de fevereiro de 2009

 

 A QUESTAO AGRÁRIA E A LUTA PELA TERRA NO BRASIL

Das lutas messiânicas ao combate ao agronegócio

 

Dez/2008

 

 

Escrito por: José Ronaldo Santos

 

As lutas camponesas sempre foram uma constante na história do Brasil. Os conflitos sociais no campo não são algo que se restringem simplesmente ao nosso tempo. Assim, as ocupações atuais realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST e por outros movimentos populares são ações de resistência em contraposição às grandes concentrações fundiárias e contra à exploração exacerbada. São formas atuais de retomar a luta histórica pela conquista da terra, do trabalho e de condições mais dignas de sobrevivência. Nesse sentido, são cinco séculos de luta contra o latifúndio e de conflitos de índios, negros, posseiros e de trabalhadores contra os latifundiários e as elites do país.

Vale ressaltar que, no desenrolar da história de formação do Brasil, as lutas de resistência começaram com a chegada do colonizador europeu, há mais de 505 anos. Desde esse momento, os povos indígenas e primitivos resistem à matança promovida pela mão perversa do homem branco, iniciando a luta contra o cativeiro e, por excelência, contra o aprisionamento da posse da terra, contra toda a forma de opressão e exclusão. A chegada do europeu teve como conseqüência a  tomada do território indígena e seguidamente a  sua escravidão onde futuramente seria introduzido a trabalhos dos  negros africanos trazidos ao território americano. Todos esses fatores foram fundamentais para produção do território capitalista.

As primeiras lutas dos indígenas registradas ocorreram por volta do século XVI e XVII. A busca de índios pelos bandeirantes a mando dos senhores de escravos, nesta época para escravizá-los em trabalhos voltados para a economia brasileira teve diversos movimentos de resistência como, por exemplo: a Confederação dos Tamoios e a Guerra dos Potiguares. Outra grande batalha que se tem registro nos limites do sul do Brasil com a Argentina e Uruguai, onde os jesuítas organizaram as missões religiosas em terras comuns que abrigavam até trinta povos guaranis, sendo cada povoado composto por aproximadamente 12 mil índios (PREZIA E HOORMART, 1989, p. 91-9).

Outro grande foco de luta e resistência contra a dominação deste território se deu com os movimentos dos quilombos. Movimento este que tivera como [1][2][3]expressão de sua luta de resistência à formação de territórios livres, onde viviam negros, alguns índios e trabalhadores livres ou excluídos dos grupos coloniais. Palmares foi o maior quilombo da história do Brasil. Estava localizado na zona da mata, cerca de 70 quilômetros do litoral, hoje região de Alagoas e Pernambuco. Esse quilombo foi composto pela união de vários povoados socialmente organizados e que formou a União Palmares, tendo como principais lideres o Acotirene, Andalaquituche, Zumbi, Tabocas, Sucupira e Macaco. Juntos, estes lideres eram responsáveis por mais de 20 mil pessoas, que cultivavam o solo plantando milho, feijão, mandioca, dentre outros (FUNARI, 1996, p. 26-37).Os quilombos são  espaços de resistência que se espalhou por diversos estados do Brasil, sofrendo diversos ataques. Só de 1602 a 1694 Palmares resistiu a inúmeros ataques dos bandeirantes. Domingos Jorge Velho, depois de muita luta e genocídio, conseguiu destruir a bonita sociedade formada por Zumbi dos Palmares, o inesquecível Quilombo dos Palmares.

Com a criação da lei de terras de 1850 foi intensificado o cerco a  para  dividir o território nacional em partes menores entre os senhores de terras vindos de Portugal e transformá-la em propriedade privada. Também fez aumentar a grilagem de terras e a expropriação dos posseiros de suas terras. Deste modo, o Coronelismo, nascido no Brasil Colônia e que ganhou força no Brasil Monárquico e no início do Brasil República, é à forma de controle da política territorial, sendo formado a partir dos vários currais eleitorais e do voto de cabresto.

Outro movimento que marca com profundidade a luta de resistência contra esse estado de coisas e contra a mão opressora da classe perversa e dominante foi à luta organizada por Antonio Conselheiro no Arraial de Canudos. Conselheiro ficou conhecido como beato que peregrinava pregando para o povo pobre do nordeste, seus seguidores eram formados por camponeses e ex-escravos. Conselheiro resolve instalar o Arraial de Canudos com seus seguidores como forma de construir uma sociedade livre e, portanto, que confrontava a ordem vigente e a submissão, sendo declarado, assim, inimigo da classe reacionária do momento.

Em Canudos estavam aproximadamente 20 mil pessoas, número maior que a de várias cidades da Bahia no período; conseguiam ter uma organicidade e unidade ideológica no processo de resistência à opressão. Canudos foi o símbolo da resistência do homem do nordeste brasileiro que sofreu e ainda sofre as mazelas das políticas de compensação e exploração. O beato conselheiro, sujeito dotado e muito carisma e dom na fala, conseguiu motivar homens e mulheres a lutar por sua liberdade, sem perder de vista o propósito da fé em Deus, organizando a força da resistência dos sujeitos que lutando por  uma sociedade mais justa e igualitária.

Não satisfeitos e preocupados com os resultados alcançados pelos membros do Arraial de Canudos, as elites locais conseguiram influenciar a o governo central a enviar várias expedições militares de todo o pais para o aniquilamento de canudos. Ali mais de cinco mil soldados combateram contra os sertanejos aliados do conselheiro. Neste período, durante os ataques, que durou mais de um ano, ocorreu o cerco completo e o fim do Arraial, com o massacre de Canudos. No entanto, como afirma Cunha: (1982; pág. 433).

 

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda historia, resistiu ate o esgotamento completo... Caiu no dia 15 de outubro de 1987, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores,que todos morreram.

Eram quatro apenas; um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil saldados.

 

Outro importante movimento de resistência foi o Contestado, surgido no sul do Brasil, no  estado do Paraná e Santa Catarina. Tudo começou quando o governo federal fez uma grande concessão à empresa norte americana Brasil Railway Company de uma enorme faixa de terras de trinta quilômetros de largura no trecho que compreendia a construção de uma ferrovia que iria dar acesso de São Paulo ao Rio Grande do Sul.

As terras foram desapropriadas e exploradas por madeireiros que vendiam as madeiras retiradas da área no exterior. Com isso, milhares de famílias que viviam no local foram expulsas das terras. Sentindo se incomodadas com a situação, elas se viram forçadas a saírem saqueando e ocupando outras terras na região.Foi então que em 1912 que, em Campos Novos, no Paraná, uma parte das famílias expulsa de suas terras formaram um movimento de caráter político e religioso liderado por José Maria, curandeiro denominado Monge. Com a intensificação do movimento e, conseqüentemente, dos conflitos, o monge foi acusado de proclamar a monarquia. Perseguido, ele refugiou-se na cidade de Irani, próxima a região contestada pelos estados de Paraná e Santa Catarina.

A chegada do monge causou transtorno e má interpretação, e o preço foi a sua morte antes mesmo de seus seguidores derrotarem a força policial. O movimento que então surge em 1913, na região de Taquaraçu/SC, dá continuidade ao processo de defesa das famílias expulsas de suas terras e que lutavam para ter terras para trabalhar e sustentar seus filhos. As tropas do governo, que insistiam em destruir o movimento, só depois de seguidos ataques, e da utilização de aviões e de tropas federais, conseguiram derrotar o movimento.

 

Em nome da defesa e da ordem, os latifundiários e o governo utilizaram as forças militares, promovendo guerras políticas. Não era a monarquia que combatiam, mas sim a insurreição dos pobres do campo (MARTINS, 1981, p. 620).

 

No Brasil, nas primeiras décadas do século XX, mais precisamente na região nordeste, ser “cabra macho” era ser cangaceiro, significava ter bravura pra pegar “nego” na ponta da “pexera” ou na rapidez do gatilho. Foi nessa região do país que surgiu o Cangaço. O movimento de cangaço, apesar da diversidade de grupos que receberam essa denominação, ganhou sua expressão maior com o grupo de cangaceiros que teve como líder o cangaceiro de nome Lampião. Grupo de maior destaque que acabou por ganhar também a maior demonstração prática de repudio do coronelismo nordestino e nacional (idem, p. 60).

Entrar para o cangaço foi uma maneira de os camponeses rebeldes expulsos de suas terras pelos coronéis replicarem a vingança com a prática de saques e ataques sangrentos e, até mesmo, a matança de vários coronéis daquela região do país. Nesta época, ser cangaceiro era decorrência de muitas coisas; a falta de terra para trabalhar,a extrema pobreza da região nordeste,a falta de investimentos públicos,tudo decorria para uma vida sem muita dignidade. Em defesa de viver com dignidade, coisa pouco provável em terras em que as leis republicanas não alcançavam, seriam os coronéis os representantes do Estado e aplicadores da lei.

O Cangaço, assim como outros movimentos anteriores, não foi muito longe, devido às investidas do governo que, após longos anos de caça, conseguiram por fim ao cangaço no nordeste brasileiro, matando seus principais lideres e expondo suas cabeças ao público.

Neste período, nas diferentes regiões do Brasil, os conflitos se intensificaram; camponeses e posseiros buscavam uma maneira de resistência ao poder do latifúndio. A busca por uma forma de resistência possibilitou o início das ligas camponesas que em 1945, em plena ditadura Vargas, buscaram organizar as lutas dos camponeses proprietários e de posseiros que resistiam no campo.

As atuações das ligas eram, por vezes, radicais em defesa da reforma agrária. Seus membros tinham a compreensão de que precisavam acabar com o monopólio da terra. As ligas contavam com o apoio da igreja católica, mas infelizmente foi aniquilada em detrimento da ditadura militar de 1964.No sul do Brasil também estava sendo organizado o Movimento dos Agricultores Sem-Terra – Máster que com aproximadamente 300 famílias passou a ter sua luta pela terra reconhecida com o apoio de Leonel Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul (ECERT, 1984).

Em novembro de 1961, o camponês ligado à ULTAB(União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil) organizou em Belo Horizonte o I Congresso de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, com participação dos diversos movimentos que lutavam pela conquista da terra. Durante a realização do I Congresso da ULTAB o movimento dividiu-se ; surge então  a necessidade de se conseguir a terra na lei ou na marra, o que vai dar origem à outras organizações, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, que será tratado oportunamente.

As lutas desses movimentos tiveram forte influência e contribuição de membros da Igreja Católica no Brasil, que influenciados pelo Concilio Vaticano II, promovido pelo papa João XXIII, e pela Carta de Puebla, escrita em encontros dos Bispos da América Latina, resolveram abraçar as causa socialista no mundo e, ao mesmo tempo, a causa dos pobres da cidade e dos camponeses pobres do campo, não só no Brasil, mas no mundo. Esses religiosos formaram um movimento dentro da Igreja Católica denominado de Teologia da Libertação e tiveram como colaboradores o pensamento intelectual de brasileiros como Paulo Freire, Leonardo Boff, Frei Tito, personalidades influentes na consolidação da proposta de luta e de educação de base para a alfabetização e politização dos camponeses. Além desses pensadores, o movimento da Teologia da Libertação fundamentou-se, principalmente no pensamento socialista mundial e, também, nas idéias de outros intelectuais que defendiam a luta pela libertação dos países colonizados contra a opressão dos países colonizadores.

Neste período, a criação de sindicatos era uma boa maneira de organização que as instituições que estavam no campo da luta defendiam, mas tal procedimento representava a total submissão ao governo federal, uma vez que os sindicatos eram regulados pela legislação trabalhista herdada da Era Vargas e que teve sua regulamentação aprofundada pelo regime militar de 1964. Assim, os sindicatos contavam com direção pelega, nome dado aos diretores que atrelavam as reivindicações dos trabalhadores, quando atendiam essas reivindicações, às aspirações e interesses do estado brasileiro.

Só a partir de 1962  é que vai haver um novo processo de regulamentação dos sindicatos, tanto no campo quanto na cidade, sendo criadas várias federações e realizados congressos em âmbito nacional e estadual. Nesse período, o Partido Comunista Brasileiro e a Igreja Católica disputavam esse espaço de luta na perspectiva de controlar as confederações. Em 1963, foi realizada a primeira Convenção Brasileira dos Sindicatos Rurais, realizada na cidade de Natal/RN.

A ULTAB detinha maior parte das federações, ficando fácil vencer as pretensões da Igreja Católica em controlar esse seguimento da luta social. Em dezembro do mesmo ano, houve a junção da ULTAB com a CPT(Comissão Pastoral da Terra), de onde partiu-se a idéia de criação da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG (MARTINS, 1981; MEDEIROS, 1989).

Com o golpe de 1964 houve um retrocesso de muitas das organizações que lutavam  no campo e na cidade. O golpe militar acabou com a frágil democracia existente no país. Movimentos foram extintos, camponeses e suas lideranças foram perseguidos e mortos. Os latifundiários e os donos do capital estavam em situação favorável e deram início ao processo de modernização conservadora, o que mostrava ainda mais o atraso e a complicada situação das estruturas sociais do Brasil, que sempre deixou excluída a população pobre da cidade e do campo.

No campo, o avanço do capitalismo configurado na modernização conservadora fez aumentar a miséria, a acumulação e a concentração de riquezas. Este processo, foi excluindo a maioria da população do campo , modificando o meio rural com a introdução de mecanização, de insumos agrícolas, em sua maioria importada ou controlada por empresas multinacionais, de sementes selecionadas, também produzidas sob controle de multinacionais, e da industrialização. O avanço capitalista no campo, também expropriou e expulsou do campo trabalhadores rurais, configurando o que se chamou de êxodo rural, produzindo um novo personagem na luta pela terra, o bóia fria (FERNANDES, 1996b; D’INCÃO e MELLO, 1975).

O Regime Militar, com o intuito e resolver isoladamente os conflitos fundiários, criaram o Estatuto da Terra, com objetivo de evitar que os problemas do campo se tornassem um problema nacional. Mas como sempre estas medidas acabam por compensar sempre a classe dominante, serviu mais como um instrumento para dar mais mecanismos aos latifundiários continuarem explorando no campo.

Não há repressão que consiga controlar o povo, o tempo todo e em todos os espaços. Assim, os camponeses começaram a romper as cercas da repressão da ditadura militar e, mesmo com a violência do latifúndio, conseguiram organizar seus espaços de socialização política e construção do conhecimento para as transformações futuras.

Neste espaço de tempo, surgem as Comunidades Eclesiais de Base –CEBs, fomentadas pelos adeptos da Teologia da Libertação, que a luz dos ensinamentos da bíblia procuravam traduzir os sofrimentos do povo em formas de transformação da realidade, ou seja, faziam de seus encontros comunitários espaços de lutas e organização popular. Em 1975, a Igreja Católica cria a Comissão Pastoral da Terra – CPT, posteriormente essa pastoral passou a contar com a presença de religiosos de outras denominações que aceitam a opção pelos pobres á luz do evangelho. A CPT que tinha a missão de articular as paróquias e as autoridades religiosas e laicas para funcionar como mecanismo dentro da igreja de apoio a luta sindical.

Diversos teólogos ligados à igreja progressista também defendiam esta causa de libertação, podemos citar Dom Pedro Causadáliga, Dom José Gomes, Leonardo Boff, Frei Tito, dentre outros, que mais tarde foram expulsos da igreja por serem elementos de contradição.

Segundo Martins (1984), neste período houve três fontes de luta que caracterizavam os sem terra no Brasil: a luta dos assalariados, os bóias frias, esses lutaram pelo reconhecimento da dos seus míseros direitos e pela legalidade; a luta dos posseiros, que lutavam para garantir a terra como condição de sua existência e contra a grilagem. Mas o que ocorreu de fato na época foi o total descaso com a questão agrária no Brasil, e mais uma vez a classe dominante da época se viu na necessidade de colonizar para manter o controle da questão agrária. Assim, o governo militar distribuía terras, principalmente no norte do país,com isso as famílias se deslocavam para tentarem uma vida mais digna. Contudo, esses projetos de colonização fracassaram mantendo a ineficiência das empresas colonizadoras e do falso interesse de resolver tal problemática (SANTOS, 1993, p. 165).

O governo federal sempre criou organismos com o intuito de manter o controle no campo, freando as lutas camponesas. Primeiro foi criado a Superintendência Política e Agrária – SUPRA pelo governo João Goulart. Logo em seguida o governo extinguiu a SUPRA e criou o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária - IBRA e o Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário – INDA. Também foi criado o Estatuto da Terra. Em 1969, foi criado o Grupo Interministerial de Trabalho sobre a Reforma Agrária - GERA.

Em 1970, os militares extinguem os órgãos GERA E INDA e criam  o Instituto de Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, responsável por desenvolver projetos como o Plano de Integração Nacional - PIN, e, logo em seguida cria o Programa de Redistribuição de Terras do Norte e Nordeste – PROTERRA.

 

O CONTEXTO PLITICO D MST E AS VELHAS E NOVAS BANDEIRAS DE LUTAS

A repressão da luta pela terra e contra a reforma agrária foi uma constante na historia deste país, principalmente no período da ditadura militar iniciado em 1964, época de um combate odioso das elites e dos militares contras os movimentos sociais e suas lideranças.

Mas, a luta pela sobrevivência foi à marca histórica da resistência camponesa. Assim, em 1979, no dia 7 de setembro, 110 famílias ocuparam a Gleba Macáli, no município de Ronda Alta, no Sul do Brasil. Essa ocupação deu início ao processo de gestação do MST em nível nacional.

As terras da fazenda Macáli eram remanescentes de lutas pela terra na década de 60, quando o MASTER era o movimento atuante na região. Na década de 80, as lutas por terra ganham novo vigor, principalmente nas regiões sul e sudeste. Nelas, vários movimentos de ocupação são elaborados, consolidando o movimento mais atuante que o Brasil já teve; o  MST depois de formado vai ter na sua gênese o processo de resistência do campesinato e a continuidade da luta de milhões de anos dos trabalhadores realizada por todos os recantos deste imenso Brasil.

Assim, alguns agravantes foram decisivos para esse processo de formação do MST, podendo ser citados a implantação do modelo econômico ditatorial, que tinha como meta implantar a rápida modernização da agricultura, com base na produção extensiva em propriedades privadas e, principalmente, pelo sistema de incentivos, créditos e subsídios. Com isso, a situação da agricultura familiar se encontrava em dificuldades devido à falta de políticas públicas que garantissem as condições dadas aos fazendeiros e latifundiários para este setor da sociedade.

Neste período, a igreja católica passava por um processo de reformas internas. Postura essa tomada depois do concilio vaticano II (1965) e da II Conferencia Geral do Episcopado Latino Americano em Medelin, na Colômbia (1968), e posteriormente na conferencia de Puebla no México (1979), isso possibilitou um movimento forte de libertação a partir das CEBs(Comunidades Eclesiais de Base), que foi um importante parceiro para o processo de gestação do MST, tendo em vista que na época da primeira ocupação foi praticamente a igreja que organizou aquela fase de lutas.

A gênese do movimento sem-terra aconteceu no interior deste processo de lutas, de resistência e contra a expropriação e expulsão dos trabalhadores do campo. O MST começou a ser formado no centro sul a partir do dia 7 de setembro de 1979, tendo em vista que o mesmo não pode ser concebido apenas como um movimento isolado, mas com um conjunto de fatores e ações que durou pelo menos quatro anos (FERNANDES, 2000, p. 50).

Os lugares e os momentos formam a realidade. As pessoas fazem os momentos transformam os lugares e constroem a realidade. Foi assim que trabalhadores sem-terra de vários estados começaram a formar um movimento de força popular massiva. Em maio de 1978 a historia da luta pela terra no momento em que passa o Brasil começa a contar com a resistência dos índios Kaigag da Reserva Nonoai, que já lutavam desde 1974 com o apoio do Conselho Indigenista Brasileiro (CIMI). Neste período somavam se a estes um grupo de aproximadamente 600 famílias formando um numero aproximado de 3000 três mil pessoas.

Outro fato marcante deste momento foi a conquista de Ronda Alta, que se deu a partir do encontro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB em 1982 onde a igreja católica  em parceria com a igreja luterana acabaram comprando as terras para garantir que as famílias provisoriamente ficasse ali instaladas até serem transferidas. Esta foi a melhor forma de pressionar o governo. Neste mesmo mês, no estado de Goiás, aconteceu a V Romaria da terra que reuniu mais de 20 mil pessoas.

O processo de surgimento do MST foi marcado por experiências de ocupação, encontros estaduais e nacionais que em 1984 culminou com a oficialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST,ocorrida no I Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, de 21 a 24 de janeiro, em Cascavel (PR). Em 1985, no período de 29 a 30 foi realizado I Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. Este congresso foi realizado no estado do Paraná-Curitiba, com a participação de 1600 delegados de todo o Brasil.

O ponto de partida para construir o MST nos estados foi à organização de uma estrutura básica, formada pela existência da coordenação, direção, secretaria e setores de atividades. Essa forma de estruturação foi concebida desde as práticas das organizações camponesas históricas e, principalmente, nas experiências vivenciadas pelas famílias na organização de comissões e núcleos nos acampamentos e assentamentos (FERNANDES, 2000, p. 95).

Assim, o MST construiu suas instâncias de representação compostas por direção e coordenação estadual e nacional. Este processo foi feito por etapas, seu começo está na ocupação de terras.

Contudo, o que realmente foi fundamental para a consolidação do MST foi à aceitação e inclusão das classes no seu processo de ocupação. As famílias passavam por um processo de trabalho de base nos grandes centros urbanos, comunidades rurais dentre outras. Assim foi se consolidando as ocupações e substancialmente o processo de gestação de assentamentos rurais no Brasil.

 

UMA NOVA FASE NA LUTA PELA TERRA E A NECESSIDADE DE ORGANIZAÇAO DA BASE

 

Comemorando no ultimo dia 21 de janeiro de 2009 seus 25 anos de existência e de lutas o MST concebe a Reforma Agrária como um dos eixos fundamentais de socialização dos meios de produção e da vida incluindo se ai a distribuição das terras,através de uma reforma agrária radical que contemple melhorias de vida para as comunidades rurais e para a classe pobre que almeja um retorno ao modo de vida digno com saúde,educação,moradia e acima de tudo com condições humanas de vida.

 Estamos falando de um movimento que no início da fundação,  não tinha muitas alternativas de quadros e pouca experiência organizativa, mas com o passar dos tempos foi descobrindo que só a partir da luta organizada conseguiria se firmar enquanto movimento que luta por terra e reforma agrária.

Assim, logo no primeiro congresso, em 1985, uma das metas estipuladas foi a expansão do MST para todos os estados. O congresso ficou marcado pela necessidade de dar organicidade as lutas, mais tarde tiveram a necessidade de não só trabalhar as questões da terra, mas que dentro desta luta haveria de ser travada uma luta pela saúde de qualidade, uma educação voltada para o campo e baseadas em princípios socialistas e humanistas, e outras questões de ordem social.

Desta forma, o setor de educação foi um dos primeiros a se consolidar. O seu papel é o de cuidar da educação dos Sem-Terrinha, que por sua vez são identificados como Sem Terra em processo de construção e,assim como os adultos, são responsáveis pelos rumos que futuramente o MST vai ter no campo da política e da luta pela reforma agrária. O setor de saúde se empenha na área da prevenção e no resgate da medicina alternativa e dos conhecimentos populares. O setor de formação cuida do aspecto da formação política e ideológica dos assentados. O setor de gênero trata das relações estabelecidas entre homens, mulheres e outras orientações sexuais dos Sem Terra, tentando desmistificar o preconceito e machismo que é muito forte em nossas áreas.O setor de comunicação cuida das questões de relacionamento institucional do movimento com a sociedade e com os meios de comunicação, este é um setor que ainda está em processo de consolidação. O setor de direitos humanos também é recente e trata de questões referentes às condições sociais do assentamento e acampamento, bem como regularização de documentos, maus tratos, exploração infantil, dentre outros. Outro setor de muitíssima importância e que faz jus a este trabalho de investigação é o setor de juventude do MST, que surge dentro de uma proposta política de organizar a juventude na perspectiva da luta social. Este setor apesar de ser recente tem muitos desafios pela frente em se comparando a tamanha demanda do MST para o processo de organicidade da juventude dos assentamentos e acampamentos.

Atualmente, o MST defende que os acampamentos e assentamentos, bem como as demais ações realizadas por ele devem funcionar em brigadas de trabalho, para facilitar a divisão das tarefas, mas esta é uma discussão que ele realiza a um bom tempo e os avanços ainda são lentos.

No campo da luta para conquistar maior organicidade, o movimento tem uma grande preocupação com a produção nos assentamentos e, principalmente, com a parte ambiental. Por isso, ele entende ser o grande latifúndio, em especial o improdutivo, o seu principal inimigo nestes vinte anos de existência. Ainda no campo político, o movimento coloca-se contra o plantio de transgênicos, a destruição do meio ambiente e, fundamentalmente, a utilização de agrotóxicos. Atualmente a demanda do movimento se estende ao combate ao agronegócio, forma de produzir voltada para a exportação e de forte exploração dos trabalhadores e do solo que vem assolapando o solo brasileiro e tirando as possibilidades do pequeno produtor de sobreviver no campo.

A questão da juventude é outra área que o MST vem investindo com a utilização de cursos de formação, cursos profissionalizantes, dentre outros. Atualmente, o movimento dispõe de cursos de ensino fundamental, ensino médio (magistério, saúde comunitária, enfermagem) e cursos superiores em pedagogia, história, medicina, direito, economia política. A necessidade de se ter estas iniciativas se deram devido ao fato da juventude se encontrar em condições de pouca formação e, acima de tudo da carência do MST em ter quadros organizativos para tocar as lutas... Assim são iniciativas que começaram meio que tímidas más que com o processo de abertura de algumas universidades, podendo ser citadas a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), com a abertura para dois cursos de pedagogia.Estas bandeiras no entanto foram sendo ampliadas e na atualidade o MST organiza Cursos em parceria com mais de 30 universidades Publica em todo pais e no exterior,como o caso de Cuba com Cursos de medicina e educação física e Venezuela com cursos na área de agronomia.

Contudo o MST tem nos seus princípios o estudo como prioridade e principal fator de fortalecimento e conscientização da juventude. O processo de identidade só será possível com um intenso trabalho de escolarização a formação técnica casada com a formação política dos jovens assentados e acampados.

Na atualidade o MST enfrenta grandes desafios que se configura em tantos outros por toda a base espalhada em todo o Brasil.Um destes desafios é a aglutinação de forças em torno da via campesina,discutido e enfrentando questões relevantes a política nacional e internacional no que se refere ao avanço do agronegócio e da degradação das formas de vidas limpas  sustentáveis,onde não haja o envenenamento da terra e conseqüentemente dos seres que vivem nela.

Outra grande bandeira de luta esta internamente nas bases,este é o espaço de organização das bases através dos acampamentos e assentamentos e fundamentalmente da construção de alternativas produtivas baseadas em um sistema de agroecologia onde os assentados e acampados possam produzir alimentos saudáveis e com qualidade de vida para suas famílias.

No mais outros desafios são pertinentes podendo ser citados a necessidade de formação política e cultural da base assentada e acampada alem da luta frente aos órgãos responsáveis por créditos,assistência técnica e outros direitos conquistados nesta luta.

 

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1-Coronelismo: Simbologia do grande proprietário de terras que consegue através de varias influencias ter o controle de uma determinada região, através do voto e dos currais eleitoriais.